quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O dia em que comecei este blog

Comecei este blog no dia em que tive que abater o meu gato.
Parece mórbido não é? É um bocado.
Decidi criar o meu quinto endereço da blogosfera (sim, leram bem, quinto) quando a coisinha que eu mais gostava na vida sofreu uma rasteira do destino e infelizmente tivemos que nos separar. Foi-me obrigado a decidir o seu destino, continuar vivo por mais uns dias ou tomar a decisão mais matura e pôr fim ao sofrimento? Após um prognóstico mais negro que uma dispensa escura tive que optar pela segunda opção e digo-vos que foi a coisa mais difícil que fiz na vida.
Imaginem o vosso melhor amigo estar bem há uma semana e ontem dizem-vos que tem leucemia, está anémico e tem linfomas em quase três órgãos (sendo um deles a medula). Caí no chão e pensei que isto não podia estar a acontecer comigo, para vocês que não são animal lovers pode parecer uma coisa normal, mas para mim, aquele gatinho loirinho de cinco anos era basicamente a minha vida.
A doutora disse que para o levarmos para casa para nos despedirmos uma última noite e amanhã fazer o mais humanamente correcto. O meu pai prontamente concordou mas eu não. Não me parecia normal leva-lo para casa e olhar para ele e pensar que daqui a umas horas teria que praticar a eutanásia naquele bebé querido. Mas, o meu pai teve a última palavra e assim o fizemos.
Só dormi duas horas esta noite, as outras passei com ele. Quando estava nas minhas curtas horas de sono, ele veio ter comigo à cama como fazia quase todas as noites e meteu-se dentro dos lençóis. Senti que se estava a despedir. Se calhar é o meu subconsciente a inventar para me sentir melhor mas a verdade é que parecia mesmo.
Passei o resto da noite com ele no sofá, com ele aos meus pés, às vezes, para não o incomodar muito, puxava-o vez em quando para o meu colo e dava-lhe mil e um beijinhos com lágrimas salgadas a escorrerem enquanto dizia palavras bonitas. Parece parvo e já muitos amigos gozam comigo porque todos os dias eu dizia aos meus gatos o quanto gostava deles, sei lá, as pessoas/animais devem sempre sentir-se amados e eu penso sempre que não sabemos o dia de amanhã... E a verdade é que não sabemos mesmo, aliás, eu não fazia a minima que daqui a umas horas ia passar o momento mais dificil que tive que presenciar nos meus longos 23 anos de vida.
Ao 12:00 lá fui eu com ele, super calminho de olhar vazio dentro da caixinha, para o veterinário onde nos iamos separar. Nunca na vida chorei tanto como hoje e ontem. Assim que entrei na sala para o pôr a dormir não o consegui largar, chorava, soluçava, só lhe dava beijinhos e dizia coisas bonitas como "a dona ama-te! vais só dormir" eu estava num estado caótico e ele sentiu. Pôs as duas patinhas no meu pescoço - como se tivesse a abraçar-me - e eu aí senti que nos iamos amar para sempre.
Adormeceu com a lingua de fora como sempre e de olhos abertos. Eu chorei e chorei (e chorei) e continuo a chorar. Trouxe-o para casa e enterramo-lo no jardim, Vai estar sempre perto de nós.
Posso parecer uma lamechas mas sinto-me tão vazia que não sei. Sinto falta dele e esta barreira do mundo vivo - morto é demasiado grossa e só queria que ele tivesse aqui comigo. Ainda não estou em mim, há dois dias pensava que ele só tinha uma gripe ou uma virose e agora está morto e enterrado ali nas traseiras. E tenho medo que ele não esteja mesmo morto e tenhamo-lo enterrado vivo. Quando não queremos acreditar numa coisa o nosso cérebro inventa com cada uma... Mas a verdade é que até já o ouvi miar duas vezes.
Sinto-me horrivelmente vazia e sem felicidade agora que o meu pequenino foi-se. Tão novo e tão injuto.

Talvez esta não tenha sido a maneira mais alegre de começar o meu quinto blog mas ontem, enquanto ele estava na minha cama e eu confirmava se ele ainda estava a respirar ou não, deu-me vontade de escrever porque é a escrever que eu desabafo e tudo o que eu mais quero neste momento é deitar isto fora. Dizer tudo, ficar sem fôlego por dizer o quanto gostei dele e que vou ter as maiores saudades dele.

adoro-te meu picoquinhas e vou sentir para sempre a tua falta.

Ah e bem-vindos!

2 comentários:

  1. OMG :( Tenho 2 gatas, uma há uns tempos precisou de uma cesariana senão morria. Chorei tanto, tanto. Já disse que quando estas morrerem não quero mais bichos nenhuns de estimação. Apegamos-nos aos animais e custa imenso quando partem :(

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  2. Ele estará sempre contigo, vais sempre arranjar forma de o lembrar e fará parte da tua felicidade enquanto fores viva. Por isso, ele não está morto. Está bem vivo dentro de ti e isso importa mais do que tudo.
    Não há formas correctas de iniciar um blogue... assim, sê muito bem-vinda e dá o máximo de ti, isso fará toda a diferença!
    Beijinhos :)

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